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Pinheiro-americano avança na Serra do Cipó e acende alerta para perda de biodiversidade


Pinheiro-americano à margem de rodovia na Serra do Cipó, onde a espécie exótica invasora avança sobre áreas naturais sensíveis. Foto: Geraldo W. Fernandes
Pinheiro-americano à margem de rodovia na Serra do Cipó, onde a espécie exótica invasora avança sobre áreas naturais sensíveis. Foto: Geraldo W. Fernandes

O Centro de Conhecimento em Biodiversidade (INCT/CNPq/MCTI) publicou, nesta segunda-feira (22/12), um policy brief que alerta para a invasão do pinheiro-americano (Pinus elliottii) na Serra do Cipó, em Minas Gerais, e seus impactos sobre a biodiversidade e os recursos hídricos. A espécie exótica, introduzida no Brasil para produção de madeira e resina, é descrita no documento como um invasor muito agressivo, capaz de formar adensamentos que sombreiam a vegetação nativa, simplificam a paisagem e aumentam o risco de incêndios.


Segundo o policy brief, focos dispersos indicam avanço da espécie a partir de indivíduos plantados há algumas décadas, com expansão ao longo de bordas de rodovias, trilhas e áreas degradadas, impulsionada pela eficiente dispersão de sementes pelo vento. Em escala de bacia hidrográfica, as invasões por pinheiros já são associadas à deficiência hídrica, o que torna o controle e a erradicação fundamentais diante da sensibilidade do campo rupestre e de outras formações campestres naturais da região.


Expansão silenciosa e riscos


O policy brief destaca que o pinheiro-americano figura hoje entre os principais invasores em restingas, campos e Cerrado, favorecido por altas taxas de rebrotamento, banco de sementes persistente e alterações no solo que dificultam a regeneração da flora nativa. A serapilheira rica em resina, acumulada no solo, eleva a inflamabilidade, intensifica incêndios e contribui para mudanças na fauna edáfica, afastando invertebrados e afetando processos ecológicos essenciais. ​


Na Serra do Cipó, a presença da espécie em áreas onde não houve plantio direto caracteriza um processo de colonização de novas áreas naturais, com registros em encostas e ambientes abertos próximos à rodovia MG-10. Nesse sentido, o documento alerta que, se nada for feito, focos pontuais tendem a se conectar e formar “linhas de infestação”, aumentando a dificuldade e o custo das ações de restauração.


Diretrizes de controle e papel da comunidade


Entre as recomendações, o policy brief orienta o controle precoce, com remoção de indivíduos antes da maturidade reprodutiva, e a erradicação em áreas densamente invadidas por meio de corte raso, manejo da serapilheira e monitoramento por pelo menos seis anos. Em situações em que a regeneração natural seja insuficiente, o texto defende o plantio assistido de espécies nativas e o planejamento territorial para evitar novos plantios de Pinus próximos a ecossistemas sensíveis, especialmente o campo rupestre. ​


O documento assinala que conter o pinheiro-americano na Serra do Cipó é uma escolha técnica, política e coletiva, que passa por suspender novos plantios, eliminar árvores que funcionam como fonte de sementes e engajar comunidades locais, proprietários rurais, gestores de unidades de conservação, pesquisadores e órgãos públicos na vigilância e no controle. De acordo com os pesquisadores agir agora reduz custos financeiros, mitiga riscos de perda de biodiversidade e ajuda a evitar o comprometimento da água em toda a região.

 
 
 

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