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“Passando a boiada”: redução de áreas protegidas brasileiras põe em risco clima e biodiversidade, aponta artigo

Parque Estadual Cristalino II, no Mato Grosso. Foto: Prefeitura de Novo Mundo/MT
Parque Estadual Cristalino II, no Mato Grosso. Foto: Prefeitura de Novo Mundo/MT

O grave risco de redução e eliminação de áreas protegidas na Amazônia brasileira, cenário que compromete a conservação da biodiversidade, o combate ao desmatamento e a mitigação das mudanças climáticas, é tema de um artigo cuja tradução para o português foi publicada esta semana. O trabalho contou com a participação de pesquisadores do Centro de Conhecimento em Biodiversidade (INCT/CNPq/MCTI) e foi publicado originalmente em inglês, em fevereiro deste ano, pela revista científica Perspectives in Ecology and Conservation.


O estudo relembra a expressão "Passando a boiada", dita pelo então ministro do Meio Ambiente do Brasil, Ricardo Salles, em referência à fragilização das políticas ambientais durante o governo do ex-presidente da República Jair Bolsonaro, responsável por um desmonte das proteções legais na Amazônia, em meio à pandemia da covid-19. Na ocasião, Salles ressaltou a intenção de aproveitar a atenção da mídia na emergência sanitária para relaxar regras ambientais, ação que acelerou o enfraquecimento das políticas de proteção ambiental. 


Apesar das tentativas recentes de reversão dessas políticas pelo atual governo, as áreas protegidas continuam sob ameaça, especialmente no estado de Mato Grosso, onde o Parque Estadual Cristalino II enfrenta processos judiciais que podem levar à sua extinção, por supostas reivindicações fundiárias fraudulentas. No país, tem grande influência política o setor ruralista no Congresso Nacional, que mantém pressão para flexibilizar a proteção ambiental, especialmente nesse estado, onde 59% das cadeiras na Câmara dos Deputados e 62% das cadeiras no Senado são controladas por "ruralistas" na Frente Parlamentar da Agricultura e Pecuária.


O artigo alerta que a redução dessas áreas não só fragiliza a conservação da biodiversidade, com espécies ameaçadas sendo diretamente impactadas, como também compromete o armazenamento de carbono, o que torna mais difícil o cumprimento dos compromissos internacionais do Brasil no Acordo de Paris e na Convenção da Biodiversidade. Além disso, a perda dessas áreas compromete serviços ecossistêmicos vitais para a regulação do clima, a manutenção dos ciclos hidrológicos e o sustento de populações tradicionais que dependem desses territórios para sua sobrevivência.


Os autores explicam que o fortalecimento das proteções legais e o engajamento social são cruciais para garantir a manutenção dessas áreas estratégicas no Brasil, cujo papel é vital tanto para a conservação local quanto para o impacto global em biodiversidade e mudanças climáticas. Eles enfatizam que “fortalecer as proteções legais e garantir o envolvimento público nas políticas de conservação são etapas essenciais para salvaguardar esses recursos naturais críticos, tanto no Brasil quanto no mundo”, destacando a importância da mobilização social e institucional frente aos desafios atuais.

 
 
 

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