top of page
Buscar

Novo estudo revela os segredos das plantas que sobrevivem ao solo extremo da canga

Foto: Geraldo W. Fernandes
Foto: Geraldo W. Fernandes

As formações de ferro da Serra do Espinhaço conhecidas como canga estão entre os ambientes mais antigos e inóspitos do Brasil. Ali, onde o solo é raso, o calor é intenso e os nutrientes são escassos, a vegetação precisou desenvolver estratégias notáveis para sobreviver. Um novo estudo mostra que, mesmo nesse cenário quase extraterrestre, pequenas diferenças no solo determinam quais espécies prosperam e como elas vencem os estresses diários.


Publicado no Journal of Vegetation Science, o trabalho revela que cada trecho de canga funciona como um ambiente único. Em áreas onde o solo retém um pouco mais de água, surgem plantas maiores, que conseguem competir melhor pelos recursos. Já nos locais mais secos e pedregosos, sobrevivem apenas espécies altamente resistentes, de crescimento lento e estruturas bem reforçadas, verdadeiras especialistas da sobrevivência. Essa combinação de plantas moldadas pelo solo cria um mosaico ecológico raro, que ajuda a explicar por que a canga concentra tantas espécies exclusivas.


A pesquisa analisou espécies mais comuns em três tipos de habitats típicos desse ecossistema: os campos ferruginosos, as lagoas temporárias e os ambientes dominados pelas candeias, uma vegetação mais alta e sombreada. Cada um desses ambientes abriga um conjunto próprio de plantas e estratégias de vida. O candeal, por exemplo, apesar de visualmente mais exuberante, mostrou-se menos diverso, enquanto as áreas abertas carregam maior variedade de formas de vida e adaptações extremas ao ambiente. Para os pesquisadores, isso reforça que a canga não é um bloco uniforme, mas formado por microambientes altamente especializados.


Essas descobertas têm implicações diretas para a conservação e a restauração. Em ecossistemas tão frágeis, qualquer alteração no solo, seja por obras, mineração, ou erosão, pode mudar profundamente quais espécies conseguem se estabelecer ali. Como muitas plantas da canga crescem muito lentamente e dependem de condições específicas, restaurar áreas degradadas exige compreender essas diferenças locais. Usar as mesmas espécies em todos os trechos, alertam os autores, compromete a recuperação e empobrecer ainda mais a biodiversidade.


Os cientistas reforçam que preservar o solo da canga é preservar sua própria identidade ecológica. Esse ecossistema, que levou milhões de anos para se formar, depende de um equilíbrio fino entre solo, água e espécies altamente adaptadas. O estudo revela que a vida na canga é tão resiliente quanto frágil e que compreender suas estratégias de sobrevivência é fundamental para proteger um dos ambientes mais singulares do Brasil.


Esta pesquisa foi financiada pela Anglo American Brasil, que, em parceria com a academia, busca compreender com maior profundidade o funcionamento do ambiente em que opera. Decifrar os detalhes que sustentam a extraordinária combinação de fragilidade e resiliência acumulada ao longo de milhões de anos é essencial para desenvolver estratégias de restauração ecológica realmente eficazes. Esse conhecimento permite não apenas integrar de forma responsável as áreas restauradas às regiões naturais adjacentes não impactadas pela mineração, mas também fortalecer a conservação das áreas de preservação. Trata-se de um passo decisivo para consolidar uma mineração alinhada às demandas ambientais e sociais da sociedade contemporânea.


Clique aqui e acesse o estudo.

centro de conhecimento em biodiversidade
  • Youtube
  • Instagram
  • Facebook
  • Linkedin
bottom of page