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Milho cultivado em solo contaminado pela lama de Fundão sofre queda drástica na produtividade, revela estudo

Solo contaminado permaneceu incapaz de sustentar o desenvolvimento normal das plantas, mesmo depois das correções realizadas pelos produtores. Foto: Geraldo Fernandes
Solo contaminado permaneceu incapaz de sustentar o desenvolvimento normal das plantas, mesmo depois das correções realizadas pelos produtores. Foto: Geraldo Fernandes

Um estudo conduzido por pesquisadores da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) revelou os efeitos graves e persistentes do rompimento da barragem de Fundão, em Mariana (MG), ocorrido em 2015. Dados coletados seis anos após o desastre revelam que o milho cultivado em solos contaminados por rejeitos da lama apresentou uma redução expressiva na produtividade e um desequilíbrio nutricional, mesmo com condições climáticas e de fertilização semelhantes às de áreas não contaminadas.


A pesquisadora Yumi Oki, do Centro de Conhecimento em Biodiversidade, fala sobre resultados encontrados durante a pesquisa em campo. Imagens: Geraldo Fernandes

Impactos na fertilidade do solo e no desenvolvimento das plantas


A pesquisa, realizada no município de Rio Casca (MG), comparou plantações de milho em área contaminada e em área-controle. Nos solos contaminados, os níveis de magnésio eram quase cinco vezes menores, enquanto sódio, ferro e cobre estavam em concentrações muito elevadas. Esse desequilíbrio compromete a fertilidade do solo e dificulta o desenvolvimento saudável das culturas.


Mesmo após as correções aplicadas pelos produtores, o solo contaminado continuou incapaz de sustentar o crescimento normal das plantas. Isso representa uma menor produção para os agricultores e aumenta a instabilidade no sistema agrícola local.


Impactos no crescimento e produtividade do milho


Vista panorâmica da área impactada, com cobertura irregular de rejeitos (foto 1); área-controle, livre de contaminação (foto 2). Fotos: Geraldo Fernandes


Consequentemente, o milho cultivado nesses solos apresentou 46% menos nitrogênio e 27% menos clorofila, indicadores claros de estresse fisiológico. Da mesma forma, as plantas cresceram menos, com caules mais finos e folhas mais frágeis, produzindo menos biomassa. Além disso, a produtividade foi severamente afetada: as espigas ficaram 22% menores, com 35% menos grãos e peso total reduzido em 65% em comparação à área não impactada.


Isto é, seis anos depois do desastre, o desenvolvimento do milho continuava prejudicado. Esses resultados evidenciam que a recuperação das áreas atingidas exige estratégias de manejo de longo prazo.


Além do impacto na quantidade, o estudo também indicou uma distribuição desequilibrada dos nutrientes entre grãos, folhas e raízes, revelando limitações no funcionamento fisiológico da planta. Considerando que o milho é vital para a alimentação humana e animal no Brasil, essas perdas afetam diretamente a base da agricultura e a segurança alimentar na região do Rio Doce.


O trabalho foi publicado na revista Acta Scientiarum. Biological Sciences e contou com o apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (Fapemig), do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e do Centro de Conhecimento em Biodiversidade (INCT/CNPq/MCTI).

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