Dia Nacional do Cerrado: desmatamento ameaça futuro do bioma, berço das águas do país
- Elias Fernandes

- 11 de set.
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Atualizado: 15 de set.

Neste dia 11 de setembro é celebrado o Dia Nacional do Cerrado, o segundo maior bioma brasileiro. Reconhecido como a savana mais biodiversa do planeta, o Cerrado ocupa 25% do território nacional e abrange 11 estados, formando áreas de transição com quase todos os outros grandes ecossistemas brasileiros. Mas é preciso ter atenção para os riscos que ameaçam sua conservação.
De acordo com um estudo realizado pela Mapbiomas, ao longo dos últimos 39 anos, o Cerrado perdeu 27% de sua vegetação nativa, o equivalente a cerca de 38 milhões de hectares, devido a fatores como expansão agrícola e uso indiscriminado do fogo. Apesar de ser resiliente a incêndios, os efeitos das mudanças climáticas e da utilização inadequada do fogo têm aumentado a vulnerabilidade do bioma, o que ameaça a integridade de sua cobertura natural.
A destruição do Cerrado afeta, de forma direta, serviços ecossistêmicos essenciais, como o ciclo hídrico e a capacidade de armazenar gás carbônico em suas raízes profundas. É importante lembrar que o bioma abriga oito das 12 principais bacias hidrográficas do Brasil, fundamentais para o abastecimento de água e a manutenção da vida. Contudo, áreas úmidas do Cerrado estão secando progressivamente, o que coloca em risco o suprimento hídrico para populações e para a agricultura.
Dados do Sistema de Alerta de Desmatamento do Cerrado (SAD Cerrado), em 2024, o desmatamento no Cerrado caiu 33% em relação ao ano anterior, com o total de 712 mil hectares suprimidos. Apesar da redução, o número ainda é expressivo e supera, proporcionalmente, o desmatamento observado em outros biomas, como a Amazônia. Grande parte da devastação ocorre em propriedades rurais privadas, sob regras do Código Florestal que permitem o desmatamento de até 80% da área.
A fronteira agrícola conhecida como Matopiba, região que envolve os estados do Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia, concentrou 82% do desmatamento do Cerrado em 2024, impulsionada pelo avanço das lavouras e pela pressão sobre áreas de vegetação original. O Maranhão liderou os índices de devastação, com a supressão de 225 mil hectares, seguido por Tocantins, Piauí e Bahia, segundo o SAD Cerrado.
Alerta do Centro de Conhecimento em Biodiversidade
Em seu policy brief "O Brasil em risco: os impactos do PL 2.159/2021 na sustentabilidade e na governança ambiental", o Centro de Conhecimento em Biodiversidade alerta que 32 milhões de hectares de vegetação ainda remanescente no Cerrado estão em risco com o "PL da devastação", o que coloca em risco 47% do carbono estocado e centenas de espécies endêmicas, além de fragilizar populações de plantas utilizadas por comunidades locais para alimentação, medicina e renda. O texto destaca ainda o impacto sobre as nascentes, evidenciando que a crise hídrica pode se aprofundar, afetando o abastecimento nas cidades e prejudicando o agronegócio.
O policy brief também afirma que o PL tende a favorecer a instalação indiscriminada de Pequenas Centrais Hidrelétricas (PCHs), tornando os cursos d'água mais fragmentados, o que aumenta o aporte de sedimentos e compromete a fauna aquática. O crescimento da contaminação das águas por agrotóxicos e fertilizantes, resultado da expansão de grandes projetos agrícolas, também é citado como consequência da flexibilização.
Com informações da Agência Brasil



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