Capim-natal avança na Serra do Cipó e ameaça biodiversidade, alertam pesquisadores

Ações emergenciais e cooperação entre governo, cientistas e comunidades são essenciais para conter a expansão da planta invasora. Foto: Lucas Perillo

O Centro de Conhecimento em Biodiversidade (INCT/CNPq/MCTI) e o Programa de Pesquisas Ecológicas de Longa Duração do Campo Rupestre da Serra do Cipó (PELD-CRSC) lançaram, na noite de terça-feira (26/8), um policy brief que alerta para a ameaça da expansão do capim-natal (Melinis repens) na Serra do Cipó, em Minas Gerais. A espécie invasora, originária da África, tem avançado rapidamente em áreas abertas, bordas de rodovias e ambientes degradados, comprometendo ecossistemas sensíveis e a biodiversidade local.

O documento destaca que o capim-natal forma densos tapetes de biomassa seca que favorecem incêndios, suprimem a vegetação nativa e dificultam a restauração ecológica. A alta capacidade reprodutiva da espécie, sua rapidez de crescimento e tolerância a condições adversas tornam seu controle urgente, para evitar impactos negativos nos ciclos naturais, espécies endêmicas e serviços ecossistêmicos da região. Além disso, a invasão eleva custos socioeconômicos, ao interferir no turismo e nas atividades agroextrativistas locais.

Para conter o avanço dessa espécie, o policy brief recomenda uma combinação de estratégias, como controle mecânico com remoção manual, incineração dos resíduos, monitoramento por drones, campanhas de educação ambiental e uso controlado de herbicidas autorizados. A revegetação com espécies nativas também é considerada essencial para restaurar o equilíbrio ecológico e prevenir a recolonização do capim-natal.

A publicação chama para uma ação imediata e integrativa entre governo, cientistas e comunidades locais, para preservar o patrimônio natural e a resiliência da Serra do Cipó diante das mudanças climáticas. Esse novo policy brief contribui para alertar gestores públicos e a sociedade sobre os riscos da invasão biológica e para orientar políticas eficazes de conservação e manejo, fundamentais para proteger a rica biodiversidade brasileira.