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Por um protagonismo sino-brasileiro na ação climática e preservação da biodiversidade


Intercâmbio de pesquisas e práticas sustentáveis permitiria escalar soluções para áreas degradadas. Foto: reprodução
Intercâmbio de pesquisas e práticas sustentáveis permitiria escalar soluções para áreas degradadas. Foto: reprodução

No cenário internacional, Brasil e China se destacam não apenas pelo tamanho de suas economias, mas também pela diversidade de seus ecossistemas e pelo histórico de cooperação científica. Juntos, somam mais de 1,5 bilhão de habitantes e compartilham a responsabilidade de impulsionar soluções inovadoras para problemas que transcendem fronteiras.


A construção de uma aliança sino-brasileira no campo ambiental vai além do simbolismo diplomático. Trata-se de inaugurar um novo paradigma de desenvolvimento, capaz de integrar agroindústria e sustentabilidade, agregar valor ambiental aos produtos exportados e abrir caminhos mais ágeis para os mercados internacionais. O objetivo é claro: criar cadeias produtivas mais sustentáveis e inclusivas, ancoradas em responsabilidade ecológica e justiça social.


Cooperação estratégica: do campo à cidade


Essa parceria pode extrapolar o comércio tradicional e avançar em áreas como agricultura regenerativa, restauração de ecossistemas, fortalecimento da bioeconomia e formulação de políticas ambientais integradas. Ambos os países enfrentam o mesmo dilema: como manter a produtividade agrícola sem sacrificar os ecossistemas. Investimentos conjuntos em modelos agroflorestais e integração lavoura-pecuária-floresta, alinhados à preservação ambiental, podem regenerar solos, reduzir emissões, preservar a biodiversidade e garantir serviços ecossistêmicos essenciais, como água, alimento e energia.


O intercâmbio de pesquisas e práticas sustentáveis permitiria escalar soluções para áreas degradadas. Com zonas úmidas, florestas e montanhas de importância global, Brasil e China podem unir forças em iniciativas de restauração ecológica e manejo sustentável do solo. Um marco regional de conservação, com protagonismo das comunidades locais, fortaleceria a proteção da biodiversidade e aumentaria a resiliência socioambiental.


O professor Geraldo Fernandes, coordenador do Centro de Conhecimento em Biodiversidade e do PPBio da UFMG, em visita à China. Foto: reprodução
O professor Geraldo Fernandes, coordenador do Centro de Conhecimento em Biodiversidade e do PPBio da UFMG, em visita à China. Foto: reprodução

Inovação, mercado de carbono e turismo ecológico


Hubs conjuntos de bioinovação podem acelerar o desenvolvimento e a comercialização de bioprodutos e fontes de bioenergia, ampliando o impacto positivo da cooperação científica. Esses avanços sustentam a segurança alimentar, impulsionam a produtividade agrícola e promovem adaptação às novas condições climáticas.


Outro caminho promissor é a criação de um mercado regional de carbono que valorize explicitamente a conservação da biodiversidade. A certificação de créditos de carbono atrelados à proteção ambiental fortaleceria esse mercado e atrairia investimentos privados, promovendo múltiplos ganhos para o clima e os ecossistemas.


Ambos os países abrigam hotspots de biodiversidade. Investir em turismo ecológico responsável, com foco em educação ambiental e participação comunitária, pode aliar geração de renda à preservação de inúmeros ecossistemas ameaçados. No contexto urbano, a rápida urbanização, sobretudo na China, evidenciou vulnerabilidades. Iniciativas como telhados verdes, florestas urbanas e recuperação de áreas úmidas têm se mostrado eficazes para mitigar enchentes, ondas de calor e poluição. A troca de experiências com o Brasil nesse campo seria estratégica.


Formação de especialistas e harmonização de políticas


Capacitar profissionais em ciências ambientais, adaptação climática e negócios sustentáveis é essencial nesta transição. Programas conjuntos de formação podem preparar uma nova geração de especialistas capazes de liderar transformações em setores-chave da economia. Paralelamente, a harmonização de normas e políticas ambientais em bioenergia, biodiversidade e carbono criará um ambiente regulatório propício a negócios sustentáveis e à cooperação internacional, elevando a competitividade regional em escala global.



Durante visita à Henan Agricultural University, o professor Geraldo Fernandes falou sobre "A importância da biodiversidade na mitigação das mudanças climáticas”. Foto: reprodução
Durante visita à Henan Agricultural University, o professor Geraldo Fernandes falou sobre "A importância da biodiversidade na mitigação das mudanças climáticas”. Foto: reprodução

Rumo a um novo modelo de cooperação global


A parceria entre Brasil e China, consolidada ao longo de anos de colaboração científica e tecnológica, pode agora atingir um novo patamar. Em um cenário global marcado por compromissos climáticos frequentemente descumpridos, esses dois gigantes têm a chance de demonstrar que desenvolvimento econômico e preservação ambiental não são metas opostas, mas complementares.


Por meio de pesquisas conjuntas, formulação de políticas inovadoras e capacitação em áreas estratégicas, como agricultura regenerativa, energias renováveis e manejo de ecossistemas, Brasil e China podem liderar a transição para um futuro mais sustentável, resiliente e justo. Mais do que uma cooperação bilateral, essa aliança tem potencial para se tornar um farol de transformação em escala global.


Os temas centrais da agenda do clima e biodiversidade deverão ganhar destaque durante a próxima Conferência das Partes (COP) do clima, em Belém, e já marcaram presença na recente visita do professor Geraldo Fernandes, coordenador do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia (INCT) Centro de Conhecimento em Biodiversidade e do Programa de Pesquisa em Biodiversidade (PPBio) da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), à província de Henan, onde encontrou líderes regionais e cientistas locais, reforçando o potencial da cooperação Brasil-China para enfrentar os desafios ambientais deste século.

 
 
 

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