Policy brief alerta para avanço do capim-meloso e ameaça à Serra do Cipó
- Elias Fernandes
- 6 de ago.
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O Centro de Conhecimento em Biodiversidade (INCT/CNPq/MCTI) publicou, nesta quarta-feira (6/8), um policy brief que alerta para o avanço da espécie exótica invasora Melinis minutiflora, conhecida como capim-meloso, na região da Serra do Cipó, em Minas Gerais. O documento evidencia os impactos ecológicos significativos provocados pela gramínea africana, entre eles a intensificação dos incêndios florestais, a redução da biodiversidade e a ameaça à integridade de ecossistemas sensíveis como o campo rupestre.
O policy brief relembra que a introdução do capim-meloso no Brasil ocorreu desde o século XIX, para uso como forragem e revegetação de áreas degradadas, mas sem estudos sobre seus efeitos ecológicos. Altamente adaptável e com rápida produção de biomassa, a espécie se tornou uma das principais invasoras do Cerrado e, atualmente, é encontrada em diversas áreas protegidas, inclusive na Serra do Cipó e adjacências.
Entre as ameaças apontadas no documento, destacam-se a formação de densos tapetes de biomassa seca, que alimentam o chamado “ciclo fogo-capim”, a alteração dos ciclos do solo, a diminuição da diversidade de plantas nativas e a homogeneização da paisagem. A publicação também chama atenção para impactos indiretos, como a queda de produtividade agrícola, o comprometimento da recarga hídrica e perdas econômicas para comunidades locais.
Os autores ressaltam que a ausência de monitoramento contínuo e de políticas públicas específicas agrava a situação. Desde 2015, não há levantamentos sistemáticos sobre a invasão na Serra do Cipó, o que dificulta a avaliação dos impactos e ações efetivas para controle e erradicação da espécie. Dentre as recomendações, o policy brief propõe mapeamento detalhado das áreas invadidas, uso de tecnologias de sensoriamento remoto, envolvimento comunitário e aplicação de métodos mecânicos, químicos e biológicos para contenção do capim-meloso.
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