Pesquisa aponta duas espécies de plantas com alta tolerância ao rejeito da mineração
Duas espécies de plantas nativas – a Embira de carrapato (Deguelia costata) e a Canafístula (Peltophorum dubium) – surgem como protagonistas na recuperação das áreas devastadas pelo rompimento da barragem de Fundão, na cidade de Mariana - MG.
Em 2015, milhões de metros cúbicos de rejeito de mineração foram despejados ao longo da bacia do Rio Doce, causando danos ambientais severos. A presença de metais pesados no solo das matas nas margens do rio ainda é um desafio para a recuperação completa da área.
Espécies resilientes são chave para a restauração
A descoberta, realizada por pesquisadores da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e da Universidade Estadual de Montes Claros, faz parte do projeto Biochronos e foi publicada na revista Water, Air, & Soil Pollution. Os pesquisadores utilizaram uma metodologia de simulação que reproduz as condições reais do solo contaminado.
Nas fotos, Bárbara Dias mede as folhas e a umidade do solo das espécies estudadas durante o seu mestrado.
Diluindo rejeitos da barragem no solo não contaminado, o estudo fornece uma simulação precisa dos níveis de contaminação que as espécies nativas enfrentam em ambientes naturais. As duas espécies demonstraram alta tolerância e capacidade de adaptação em solos contaminados, suportando até 100% de rejeito.
Isso mostra o potencial significativo para uso na restauração ecológica. Os resultados indicam que ambas as plantas não apenas sobrevivem, mas prosperam em solos adversos, acumulando nutrientes essenciais e evitando a toxicidade dos metais pesados.
Uso de espécies exóticas é inaceitável, afirmam pesquisadores
A pesquisa reforça a importância de usar espécies nativas nos esforços de restauração ecológica, especialmente em regiões como a bacia do Rio Doce, onde a degradação é profunda. Escolher espécies que se adaptam bem às condições locais torna os esforços de restauração mais sustentáveis e eficazes, acelerando a recuperação e fortalecendo os ecossistemas.
“O sucesso dessas espécies nativas sugere um caminho viável para a recuperação de áreas impactadas pela mineração ao longo da bacia do Rio Doce. Além disso, mostra mais uma vez que a justificativa de uso de espécies exóticas e/ou com potencial invasor para vestir de verde ambientes degradados não pode mais encontrar espaço nas decisões políticas de restauração no país mais diverso do mundo.”, afirmam Bárbara Dias e Renata Maia, primeiras autoras da pesquisa.
Acesse o artigo na íntegra aqui: https://link.springer.com/article/10.1007/s11270-024-07472-z
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