Durante quatro dias, a cidade de Darwin, na Austrália, foi sede do maior encontro sobre estratégias de restauração aplicadas nos ecossistemas de todo o planeta, a X Conferência Mundial da Sociedade Internacional para a Restauração Ecológica (SER). O Centro de Conhecimento em Biodiversidade e diversas instituições brasileiras estiveram presentes em sessões e debates, confirmando o lugar do Brasil como potência mundial na agenda.
Dentro da programação do evento, o Centro organizou um workshop para apresentar o avanço das pesquisas sobre restauração dos ecossistemas brasileiros. Na oportunidade, foi lançada oficialmente uma chamada internacional para a construção de uma coalizão em prol do estabelecimento de ecossistemas de referência.
A iniciativa foi chamada de Blue List, que vem de blueprint (do inglês, planta baixa), utilizada para planejar a construção de edifícios. Desse modo, as referências da Blue List serviriam como guia para planejar atividades de restauração ecológica. A coalizão chama a atenção para que a largada seja dada em caráter urgente, tendo em vista os esforços mundiais para a restauração de enormes áreas em todos os continentes. A ideia se conecta com o GEO BON, um observatório global com sede no Canadá que busca reunir dados sobre a biodiversidade de todo o planeta.
O documento tem importância prática para a manutenção da biodiversidade e dos serviços ecossistêmicos, pelo fato de que em quase todo o mundo as atividades de restauração priorizam a utilização de poucas espécies de plantas. Uma consequência disso é o que se conhece como homogeneização biótica.
“É comum que as referências sejam utilizadas somente na fase final dos projetos de restauração ecológica. Porém, isso não está alinhado com os princípios da restauração ecológica. As referências são a base da restauração, que visa a persistência das espécies que compõem os ecossistemas em toda a sua diversidade.”, explica o pesquisador do Centro e um dos idealizadores da Blue List, Tiago Shizen.
Representantes de todos os continentes participaram da discussão promovida pelo Centro de Conhecimento, num importante passo para a construção de uma plataforma integrada e internacional de trabalho acerca de ecossistemas de referência. Os próximos passos envolvem a proposição de um roadmap para estabelecer metas, cronograma e atividades de desenvolvimento da Blue List para expandir a nível mundial o que foi iniciado durante a conferência.
“Nas próximas semanas publicaremos um artigo internacional sobre a necessidade de amadurecimento da ideia. Precisamos desenvolver isso o quanto antes para avançarmos rapidamente e termos os ecossistemas de referência em nível global.”, afirmou Geraldo W. Fernandes, coordenador do Centro de Conhecimento em Biodiversidade.
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